Omissão Parental: Uma Análise Multidisciplinar com Foco na Visão Social em Piracicaba
- Heitor Oliveira
- 24 de mar.
- 17 min de leitura

1. Introdução: Desvendando a Omissão Parental
A omissão parental, também frequentemente referida como negligência parental, constitui uma área crítica de preocupação dentro do bem-estar social, particularmente no que diz respeito ao desenvolvimento e bem-estar das crianças. Ela é fundamentalmente definida como a falha dos pais ou daqueles em papéis de cuidadores em fornecer as provisões essenciais necessárias para o crescimento saudável e o bem-estar geral de uma criança. Essas provisões abrangem um amplo espectro de necessidades, incluindo necessidades físicas como alimentação, abrigo e cuidados médicos, bem como suporte emocional, educacional e psicológico crucial 1. Entender a omissão parental exige distingui-la de outras formas de ausência ou desengajamento parental. Enquanto a ausência pode se referir à falta física de um dos pais devido a várias circunstâncias, a omissão denota especificamente uma falha em atender às necessidades fundamentais da criança, mesmo quando o pai está presente ou capaz. Este relatório abordará a consulta do usuário examinando a omissão materna e paterna, reconhecendo que, embora o termo "omissão parental" frequentemente englobe ambos, as nuances e os impactos da omissão por cada figura parental podem justificar consideração específica.
A compreensão dos papéis e responsabilidades parentais evoluiu significativamente ao longo da história e em diferentes sociedades. Nos tempos contemporâneos, há um crescente reconhecimento global dos direitos das crianças e da importância primordial de uma parentalidade positiva e engajada no fomento do desenvolvimento saudável. Esse reconhecimento se reflete em vários arcabouços legais e políticas sociais destinadas a proteger as crianças e garantir seu bem-estar. No Brasil, esse tópico tem particular relevância dentro do contexto do direito de família e da proteção infantil, com discussões e esforços legislativos em andamento focados em abordar questões relacionadas às responsabilidades parentais e às consequências de sua omissão.
Este post tem como objetivo fornecer uma análise abrangente da omissão parental, adotando uma abordagem multidisciplinar. Ele se aprofundará nas perspectivas oferecidas pela psicologia, filosofia, religião, artes, sociologia e antropologia para explorar a natureza multifacetada dessa questão. Além disso, o relatório se concentrará especificamente na compreensão da omissão parental dentro do contexto social atual de Piracicaba, um município no estado de São Paulo, Brasil, para fornecer uma perspectiva localizada sobre esse fenômeno complexo.
Considerações iniciais revelam que o conceito de omissão parental nem sempre é direto. A definição fornecida indica que ela pode surgir não apenas da negligência intencional, mas também de circunstâncias influenciadas por fatores socioeconômicos ou práticas culturais predominantes 1. Essa complexidade levanta questões importantes sobre culpabilidade, responsabilidade social e as respostas apropriadas a diferentes formas de omissão. Além disso, a ênfase específica na omissão materna e paterna na consulta do usuário ressalta a necessidade de explorar possíveis distinções em seus impactos e percepções sociais. Embora muitas pesquisas possam abordar as figuras parentais coletivamente, um exame diferenciado das contribuições únicas e das possíveis consequências relacionadas à omissão de cada pai é essencial para uma compreensão abrangente da questão.
2. O Panorama Psicológico da Omissão Parental
As ramificações psicológicas da omissão parental no desenvolvimento infantil são profundas e de longo alcance, afetando seu bem-estar emocional, cognitivo, social e até físico. Tanto a negligência física quanto a emocional podem cultivar sentimentos de insegurança e diminuir significativamente a autoestima de uma criança. Isso pode levar ao desenvolvimento de desafios de saúde mental, como depressão e ansiedade, bem como dificuldades na formação de apegos seguros e saudáveis com outras pessoas 2. A ausência de cuidados consistentes e responsivos pode infligir trauma emocional de longo prazo, potencialmente dificultando a capacidade da criança de regular suas emoções de forma eficaz ao longo da vida 3. Especificamente, a falta de afeto e disponibilidade emocional de uma figura paterna, um fenômeno conhecido como abandono afetivo paterno, tem demonstrado impactar negativamente o desenvolvimento emocional e o bem-estar geral de uma criança 4.
O desenvolvimento cognitivo também pode ser significativamente prejudicado pela omissão parental. A negligência pode levar a dificuldades de aprendizado e a um declínio no desempenho acadêmico 2. A falta de estimulação, encorajamento e apoio dos pais pode impedir o crescimento intelectual de uma criança e sua capacidade de ter sucesso em ambientes educacionais. O desenvolvimento social é igualmente afetado. Crianças que sofrem negligência frequentemente lutam com a interação social, achando desafiador estabelecer relacionamentos significativos e desenvolver habilidades sociais essenciais 3. Isso pode resultar em maior isolamento social e dificuldades em se adaptar às normas e expectativas sociais. Em termos de desenvolvimento físico, as consequências da negligência física podem ser graves, incluindo desnutrição, atrasos nos marcos de crescimento e maior vulnerabilidade a doenças e acidentes, alguns dos quais podem ser fatais 2.
O impacto da omissão parental se estende ao campo da saúde mental, aumentando a probabilidade de crianças e adolescentes desenvolverem vários transtornos mentais. Estes podem incluir transtornos de ansiedade, depressão e problemas de comportamento disruptivo 2. Adolescentes que sofreram negligência também correm maior risco de abuso de substâncias e de contemplar ou tentar suicídio 5. Além disso, pesquisas sugerem que padrões de negligência podem ser transmitidos através das gerações, o que significa que indivíduos que sofreram negligência na própria infância podem ser mais propensos a exibir comportamentos negligentes em relação aos seus próprios filhos 6.
O papel da figura paterna no desenvolvimento de uma criança é particularmente significativo nos domínios psicológico, social e cognitivo 6. A presença e o envolvimento ativo de um pai contribuem para o senso de segurança de uma criança, promovem o desenvolvimento da autoestima e melhoram sua capacidade de navegar pelas complexidades do mundo social 7. Por outro lado, a ausência ou omissão de uma figura paterna pode levar a dificuldades na identificação sexual, desafios na compreensão e adesão às regras sociais e uma sensação geral de instabilidade 6. O impacto do abandono paterno pode até se estender à idade adulta, afetando a autopercepção de um indivíduo e sua capacidade de formar relacionamentos interpessoais saudáveis 10. Embora não esteja explicitamente declarado no material fornecido, a ênfase consistente no papel do pai sugere que a omissão paterna pode ter consequências distintas em comparação com a omissão materna, justificando uma investigação comparativa mais aprofundada. A breve menção de "bullying ativo ou passivo" no contexto da orientação parental 11 também sugere uma possível conexão entre a omissão parental e o envolvimento de uma criança em comportamentos de bullying, seja como perpetrador ou vítima, sugerindo a necessidade de uma maior exploração desse vínculo.
3. Fundamentos Filosóficos da Responsabilidade Parental
A investigação filosófica sobre a responsabilidade parental aprofunda-se nas obrigações fundamentais que os pais inerentemente têm para com os seus filhos. Vários quadros éticos oferecem diferentes perspectivas sobre esses deveres. Por exemplo, a ética deontológica pode enfatizar o dever inerente dos pais de cuidar dos seus descendentes dependentes, enquanto o utilitarismo pode focar nas consequências das ações parentais, destacando o imperativo moral de agir de forma a maximizar o bem-estar da criança. A ética da virtude, por outro lado, pode enfatizar os traços de caráter de um bom pai, como compaixão, responsabilidade e amor. Do ponto de vista religioso-filosófico, a ideia dos pais como "tutores dos filhos de Deus" 12 sugere um mandato divino para uma parentalidade responsável.
A ética do cuidado, como um quadro ético específico, coloca particular ênfase nos aspectos relacionais da moralidade, destacando a importância da capacidade de resposta, da empatia e do atendimento às necessidades específicas da criança dentro da relação pai-filho 13. Este quadro contrasta os ideais de cuidado e nutrição com a dura realidade da omissão parental, onde essas necessidades fundamentais não são atendidas. As implicações morais de não fornecer cuidados essenciais às crianças são significativas. Tal omissão pode levar a danos substanciais, tanto imediatos quanto de longo prazo, levantando questões éticas sobre o equilíbrio entre a autonomia parental e o direito fundamental da criança ao cuidado e à proteção. O conceito de "abandono afetivo" sublinha ainda mais a discussão filosófica, levando à consideração de se o cuidado emocional constitui um dever moral juntamente com a provisão física e material 14.
Recorrendo à filosofia de Hans Jonas, particularmente ao seu conceito de responsabilidade, a responsabilidade paterna pode ser vista como um dever natural e incondicional 16. Jonas argumenta que esta responsabilidade é inerente à relação pai-filho e não depende de acordo prévio ou validação externa. Esta perspectiva conecta a responsabilidade imediata dos pais ao imperativo ético mais amplo de garantir o bem-estar das gerações futuras, uma vez que as crianças representam a continuação da humanidade. O reconhecimento legal e social do abandono emocional como uma forma de negligência parental 14 introduz uma complexa questão filosófica: pode o afeto ser considerado um dever parental que pode ou deve ser imposto por lei? Embora a construção da falta de amor possa ser difícil de avaliar por terceiros, a falha em fornecer cuidados, que inclui apoio emocional, pode ser vista como uma violação de obrigações morais e potencialmente legais 17. Além disso, a perspectiva de que a responsabilidade parental não deve ser sobre garantir uma "vida perfeita", mas sim promover uma relação genuína de cuidado caracterizada pela aprendizagem mútua, oferece uma compreensão mais matizada do dever parental 13. Esta visão sugere que a dimensão ética da parentalidade se estende para além da mera provisão e proteção, abrangendo o envolvimento emocional e o crescimento recíproco dentro da relação.
4. Doutrinas Religiosas e Negligência Parental
As doutrinas religiosas em várias fés frequentemente delineiam papéis e responsabilidades específicos para os pais, enfatizando a importância de criar os filhos com amor, cuidado e orientação moral. No cristianismo, por exemplo, o papel de um pai é às vezes visto como prefigurativo de Deus Pai, destacando os valores de amor, cuidado e provisão 18. Os ensinamentos de várias denominações cristãs enfatizam o dever dos pais de nutrir seus filhos espiritualmente e de guiá-los em uma vida justa 12. Da mesma forma, outras grandes religiões como o Islã, o Judaísmo, o Hinduísmo e o Budismo também fornecem estruturas para a conduta parental, muitas vezes enfatizando a importância da educação, da disciplina e da instilação de valores morais e éticos nas crianças.
De uma perspectiva religiosa, a negligência parental pode acarretar consequências espirituais significativas. Diferentes tradições de fé podem ter crenças variadas sobre o julgamento divino e a responsabilidade dos pais por suas ações na criação de seus filhos. O peso moral das decisões e comportamentos parentais é frequentemente enfatizado, com a negligência potencialmente vista como uma transgressão séria contra os ensinamentos e princípios religiosos. Embora o material de pesquisa fornecido não detalhe extensivamente as consequências espirituais da negligência parental em todas as religiões, a ênfase no dever parental e a significância divina atribuída ao papel parental sugerem que negligenciar essas responsabilidades provavelmente seria visto negativamente na maioria das estruturas religiosas.
O modelo da figura paterna na religião muitas vezes serve como um arquétipo que influencia as expectativas sociais dos pais. No cristianismo, o conceito de Deus como Pai enfatiza atributos como amor, autoridade, proteção e provisão. O exemplo de São José no catolicismo reforça ainda mais esse modelo, retratando-o como uma figura paterna simples, trabalhadora, carinhosa, orante e muito próxima de Deus . Esses modelos religiosos podem moldar normas e expectativas culturais em relação aos papéis e responsabilidades paternas, potencialmente contribuindo para a compreensão e o julgamento social da omissão paterna. Embora os trechos fornecidos ofereçam alguma visão sobre as perspectivas cristãs sobre os papéis parentais, uma compreensão mais abrangente de como outras religiões abordam a omissão parental exigiria uma investigação mais aprofundada.
5. A Omissão Parental Através da Lente da Arte
A arte em suas diversas formas, incluindo literatura, cinema e outros meios, frequentemente reflete e explora as complexidades das relações humanas, incluindo as entre pais e filhos. A omissão parental, em particular, tem sido um tema recorrente, oferecendo profundas percepções sobre suas causas e consequências. Na literatura, inúmeras narrativas retratam a vida de personagens moldados por pais ausentes, negligentes ou emocionalmente indisponíveis. Essas histórias frequentemente exploram o impacto duradouro de tais experiências no bem-estar psicológico dos personagens, sua capacidade de formar relacionamentos e suas trajetórias de vida em geral.
O cinema também proporcionou uma plataforma poderosa para retratar a omissão parental. Narrativas ficcionais e documentários lançaram luz sobre as várias formas de negligência e abandono e seus efeitos sobre indivíduos e famílias. O filme "Matilda", por exemplo, foi analisado como uma representação da negligência infantil e seus efeitos psicológicos, destacando a resiliência da protagonista diante da indiferença e maus-tratos parentais 19. Essa análise conecta a representação artística da negligência com o arcabouço legal dos direitos da criança, enfatizando a importância de um ambiente seguro e acolhedor para o desenvolvimento infantil. Vários filmes também abordam a questão da alienação parental, que pode ser considerada uma forma específica de omissão emocional onde um dos pais mina ativamente o relacionamento do filho com o outro . Essas representações cinematográficas sublinham as maneiras muitas vezes sutis, mas profundamente prejudiciais, pelas quais os pais podem falhar em nutrir os laços emocionais de seus filhos. Além disso, documentários, como o mencionado onde crianças discutem a omissão de seu pai , oferecem narrativas e perspectivas pessoais, proporcionando um retrato poderoso e direto das experiências vividas por aqueles afetados pela negligência parental. A exploração da omissão parental na arte serve não apenas para refletir as preocupações sociais, mas também para fomentar a empatia e a compreensão por aqueles que a vivenciaram. Embora o material fornecido se concentre principalmente na literatura e no cinema, representações da omissão parental também podem ser encontradas em outras formas de arte, como pintura, escultura e música, embora exemplos específicos não sejam fornecidos na pesquisa atual.

6. Perspectivas Sociológicas sobre as Raízes e Repercussões da Omissão Parental
Do ponto de vista sociológico, a omissão parental é frequentemente entendida como uma questão complexa enraizada em fatores sociais mais amplos e com repercussões significativas nas estruturas familiares e na comunidade em geral. Fatores socioeconômicos desempenham um papel crucial, com pobreza, desemprego e falta de acesso a recursos essenciais frequentemente contribuindo para a negligência parental . Essas condições podem criar imenso estresse nas famílias, dificultando que os pais forneçam cuidados adequados para seus filhos. Papéis de gênero, normas culturais e expectativas sociais também moldam os comportamentos parentais, influenciando como as responsabilidades são divididas e o que constitui cuidado parental adequado . O isolamento social e a falta de redes de apoio social podem exacerbar ainda mais o risco de omissão parental, diminuindo a capacidade de um pai de lidar com o estresse e acessar a assistência necessária . Estresse parental, problemas de saúde mental e abuso de substâncias também são fatores contribuintes significativos que podem prejudicar a capacidade de um pai de fornecer cuidados consistentes e atenciosos .
A omissão parental pode ter efeitos profundos nas estruturas familiares, muitas vezes levando à instabilidade e disfunção. Pode prejudicar as relações entre irmãos e criar um ambiente familiar negativo e sem apoio. Pesquisas sociológicas também sugerem que padrões de negligência podem ser intergeracionais, com indivíduos que sofreram negligência na própria infância potencialmente perpetuando comportamentos semelhantes com seus próprios filhos 6. As consequências sociais mais amplas da omissão parental são substanciais. Crianças que sofrem negligência correm maior risco de envolvimento em crimes e delinquência, baixo rendimento escolar e desenvolvimento de problemas de saúde mental, colocando um fardo significativo sobre a sociedade . Abordar as consequências da negligência parental acarreta custos sociais consideráveis, incluindo a prestação de serviços sociais, cuidados de saúde mental e envolvimento do sistema de justiça criminal.
A manifestação e a percepção da omissão parental podem variar entre diferentes papéis de gênero, classes socioeconômicas e contextos culturais . A análise sociológica deve considerar potenciais vieses em como a negligência é definida e identificada nessas categorias. O que pode ser considerado negligência em um ambiente socioeconômico ou cultural pode ser visto de forma diferente em outro, destacando a importância de uma abordagem matizada e culturalmente sensível para entender essa questão . Pesquisas indicam uma forte conexão entre condições socioeconômicas adversas, estresse parental e falta de apoio social como contribuintes significativos para a negligência infantil . Isso ressalta que a omissão parental muitas vezes está inserida em problemas sociais maiores, em vez de residir apenas no nível de falhas parentais individuais.
7. Perspectivas Antropológicas sobre Cuidado e Ausência Parental
As perspectivas antropológicas oferecem valiosas informações sobre as diversas maneiras pelas quais o cuidado parental é entendido e praticado em diferentes culturas . Os modelos culturais de parentalidade variam significativamente, abrangendo uma ampla gama de papéis, responsabilidades e expectativas para mães e pais . As práticas de criação de filhos, os estilos de apego e o grau de envolvimento de membros da família extensa diferem consideravelmente entre as sociedades. Essas variações culturais destacam a importância de entender o cuidado parental dentro de seu contexto social e cultural específico.
Da mesma forma, as perspectivas culturais sobre a ausência e a negligência parental também variam amplamente . Diferentes sociedades têm maneiras distintas de ver e responder à ausência parental devido a fatores como morte, migração ou divórcio. Os sistemas de apoio social e as normas comunitárias podem desempenhar um papel crucial na mitigação dos impactos negativos da ausência ou negligência parental em algumas culturas. Além disso, o que constitui comportamento parental considerado negligente pode diferir entre os contextos culturais . Uma lente antropológica enfatiza a necessidade de sensibilidade cultural ao discutir a omissão parental, alertando contra julgamentos etnocêntricos baseados nas normas e valores de uma única cultura . O reconhecimento da pluralidade de famílias e o potencial de vieses culturais na definição de negligência são considerações antropológicas cruciais . A forma como as emoções são expressas e percebidas dentro das relações pais-filhos também pode variar entre as culturas, influenciando o que pode ser considerado negligência emocional . Embora o material de pesquisa fornecido ofereça alguns pontos iniciais para consideração antropológica, estudos mais aprofundados sobre diversos modelos de parentalidade e respostas culturais à ausência e negligência parental seriam benéficos para uma compreensão mais abrangente dessa perspectiva.
8. A Omissão Parental na Sociedade Brasileira Contemporânea e no Contexto de Piracicaba
Na sociedade brasileira contemporânea, a omissão parental é cada vez mais reconhecida e discutida como um problema social significativo . O discurso público, a cobertura da mídia e as campanhas de conscientização social contribuem para moldar a compreensão dessa questão. Os arcabouços legais e o papel ativo das agências de proteção à criança também desempenham um papel crucial na definição e no enfrentamento da omissão parental . Os direitos das crianças no Brasil são legalmente protegidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e pela Constituição Federal . Esses documentos legais delineiam os direitos fundamentais das crianças, incluindo o direito de serem protegidas contra negligência, abuso e exploração . As definições legais e as consequências da negligência e do abandono parental são especificadas na lei brasileira, fornecendo uma estrutura para intervenção e responsabilização .
Uma legislação fundamental nesse contexto é a Lei da Alienação Parental (Lei nº 12.318/2010), que aborda uma forma específica de omissão emocional onde um dos pais tenta colocar o filho contra o outro . Essa lei define a alienação parental e estabelece possíveis medidas legais para enfrentá-la, refletindo uma crescente conscientização social sobre a importância de manter relacionamentos saudáveis entre crianças e ambos os pais, mesmo em casos de separação ou divórcio . No entanto, a Lei da Alienação Parental também tem sido objeto de debate, com discussões em andamento sobre sua possível revogação devido a preocupações sobre seu uso indevido em casos de violência doméstica .
Os dados sobre a prevalência de negligência e abandono infantil no Brasil indicam que é um problema significativo . Estudos que utilizam dados de várias fontes, incluindo o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, revelam taxas substanciais de casos notificados . No entanto, medir com precisão a verdadeira extensão da omissão parental continua sendo um desafio devido a fatores como a subnotificação e as complexidades na definição e identificação da negligência .
Existem políticas públicas e intervenções no Brasil para prevenir e combater a omissão parental . Estas incluem diretrizes técnicas para serviços de acolhimento para crianças e adolescentes que sofreram negligência ou abandono . Serviços sociais, profissionais de saúde e instituições educacionais desempenham papéis cruciais na identificação de famílias em risco e no fornecimento do apoio e recursos necessários.
Focando no contexto de Piracicaba, São Paulo, há evidências de que a alienação parental, uma forma específica de omissão emocional, é uma preocupação reconhecida na comunidade local . Especialistas locais, incluindo profissionais do direito e psicólogos, discutiram as características e consequências da alienação parental em Piracicaba, indicando uma conscientização e engajamento local com essa questão . A existência de recursos legais e discussões relacionadas às responsabilidades parentais e ao abandono em Piracicaba ressalta ainda mais a relevância local desse tópico .
Tabela 1: Prevalência de Negligência Infantil no Brasil (Estudos Selecionados)
Ano(s) | Região/Localização | Taxa de Prevalência | Fonte |
2011 | Brasil (Notificações do Setor Saúde) | 47,5% | 22 |
2014 | Brasil | Alta | 22 |
2011-2018 | Espírito Santo | 31,3% | 23 |
2022 | Brasil | Aumento de 14% | (Aumento no abandono de pessoas incapazes) |
Esta tabela fornece um panorama da prevalência de negligência infantil no Brasil com base na pesquisa disponível. Demonstra que a negligência é uma questão significativa em diferentes regiões e períodos, embora as taxas exatas possam variar dependendo da metodologia e das fontes de dados utilizadas. O aumento relatado em 2022 ressalta a necessidade contínua de atenção e intervenção.
9. Síntese e Conclusão: Convergências e Singularidades na Visão Social de Piracicaba
A síntese das perspectivas multidisciplinares revela várias convergências importantes em relação à omissão parental. A psicologia destaca os impactos prejudiciais no desenvolvimento infantil e na saúde mental, enfatizando as consequências emocionais e comportamentais de longo prazo . A filosofia sublinha o dever moral inerente dos pais de fornecerem cuidados, estendendo-se além das necessidades físicas para incluir o bem-estar emocional, com debates em curso sobre a aplicabilidade legal do afeto . As doutrinas religiosas em várias fés geralmente enfatizam a responsabilidade significativa dos pais em nutrir seus filhos moral e espiritualmente, muitas vezes vendo esse papel como divinamente ordenado . As artes servem como um meio poderoso para retratar as experiências vividas e os impactos sociais da omissão parental, promovendo a empatia e aumentando a conscientização . A sociologia examina as raízes sociais mais amplas da negligência parental, ligando-a a fatores socioeconômicos, normas culturais e falta de apoio social, ao mesmo tempo em que destaca os padrões intergeracionais de omissão . A antropologia fornece uma lente crucial para entender a relatividade cultural das práticas parentais e as diversas maneiras pelas quais o cuidado e a ausência parental são percebidos e abordados em diferentes sociedades .
Focando na visão social em Piracicaba, as informações disponíveis indicam uma conscientização e preocupação específicas em relação à alienação parental . Profissionais locais do direito e da psicologia estão discutindo e abordando ativamente essa forma de omissão emocional, sugerindo que é uma questão reconhecida dentro da comunidade . O contexto local se alinha às tendências nacionais mais amplas no reconhecimento da importância de relacionamentos saudáveis entre pais e filhos e do dano potencial causado por comportamentos parentais que minam esses laços . O arcabouço legal no Brasil, incluindo o ECA e a Lei da Alienação Parental, fornece uma base para abordar a omissão parental, e o envolvimento de especialistas locais em Piracicaba demonstra um compromisso em aplicar esses arcabouços dentro de sua comunidade .
As singularidades na visão social de Piracicaba, com base no material fornecido, parecem centrar-se na discussão ativa e no foco na alienação parental dentro das esferas jurídica e psicológica locais . Embora as questões mais amplas de negligência infantil e omissão parental estejam, sem dúvida, presentes, a menção e o envolvimento específicos com a alienação parental sugerem uma ênfase particular em como a comunidade entende e aborda certas formas de desengajamento parental . A compreensão da omissão parental em Piracicaba provavelmente converge com as tendências nacionais no reconhecimento da importância dos direitos das crianças e da necessidade de intervenções legais e sociais em casos de cuidados parentais inadequados .
Em conclusão, a omissão parental é uma questão multifacetada com consequências significativas para indivíduos e para a sociedade . A análise multidisciplinar revela os profundos impactos no desenvolvimento infantil, as obrigações éticas dos pais, as dimensões espirituais da responsabilidade parental, o poder da arte em retratar essas experiências, os fatores sociais que contribuem para a negligência e as variações culturais na parentalidade . Dentro do contexto brasileiro contemporâneo, e especificamente em Piracicaba, há uma crescente conscientização sobre diferentes formas de omissão parental, particularmente a alienação parental, com esforços legais e sociais destinados a enfrentar esses desafios e garantir o bem-estar das crianças . Pesquisas futuras poderiam explorar ainda mais a prevalência e as características específicas de várias formas de omissão parental em Piracicaba para informar intervenções e apoio direcionados às famílias da região.
Dr Heitor Oliveira
Referências citadas
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